terça-feira, 29 de outubro de 2013

[Contos]      Despertar - Lendas e Rumores [Prólogo]

cemiterio capa

Despertar
Lendas e rumores
• Prólogo •



Em certas situações, é possível definir o inferno de várias formas. Inúmeras questões filosóficas foram levantadas a respeito do que é e de como seria a punição eterna da alma. Entre as mais diversas teorias e afirmações, apenas aqueles que atravessam o véu existencial por intermédio da morte, podem definir com exatidão o real conceito de “inferno”, e como ele se aplica à alma humana. Porém, existe uma teoria em especial que se baseia na reflexão de que tanto o paraíso quanto o inferno, são apenas o limiar para a transcendência da alma. Um nirvana, que precede e prepara para a essência vital, ao qual será responsável por manter o equilíbrio da vida.

Para este peculiar ponto de vista, surgiu uma seita que mudou a história da cidade. Sua existência é considerada uma lenda urbana de grande conceito, que circula apenas entre os mais instruídos sobre os assuntos sobrenaturais e obscuros do local. O seu propósito nunca foi devidamente esclarecido, assim como a quantidade de membros ou o seu criador. Contudo, o misticismo sobre sua atuação ganhou uma força notável, após encontrarem uma pilha de cadáveres incólumes em uma igreja situada ao leste. Nada foi creditado a ordem, assim como não havia nenhuma evidência de uma possível “causa mortis”. Perdidos em um enigma sem saída, uma hipótese foi colocada nos autos: Magia Negra. Tal conclusão calou a cidade e enterrou de vez a lenda, sepultando todos os rumores sobre a misteriosa ordem em um mar de silêncio. No entanto, a dúvida ficou cravada dentro da mente de todos aqueles que de alguma forma, sentiam dentro do coração, que o mal estava mais presente do que nunca.


"Vivemos em uma cidade tomada pela morte. Todos nós fomos corrompidos e nossas almas não mais nos pertencem. Este lugar é o inferno e vivemos em constante punição. E sendo aqui, a morada do Mal, meu único receio é ser pego por sua forma mais vil e cruel. Amaldiçoado seja aquele homem! Amaldiçoado seja esse lugar! Eles estão andando por ai e sabem de nós, sabem o que fazemos. Sabem o que fazer conosco!"

Próximo capitulo: "Acorde, Adam!" - O Limiar.

[Contos] Distopia - O sentido por trás da escuridão.

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“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. —
1 João 1:9”



Uma cidade tingida de negro. Não em suas longas e frias noites, onde o inverno passa a tocar-lhe a pele em um frio cortante. Tão pouco em suas cores, que variavelmente intercalavam entre diversos tons de um cinza sem vida. A cidade havia a tempos se perdido na loucura, e as redeas morais que pastoreavam as ovelhas foram destruídas por um simples cutelo e muito sangue derramado. Os raios de sol pareciam não tocar a cidade, que em sua plenitude intangível de qualquer aura benigna , parecia sofrer de uma mortificante escuridão, embora não literal. Longe da moralidade e contemplando o ápice da loucura, a negro espalha-se em passos silenciosos e apressados, pelas ruas de lugar nenhum.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

[Contos] A carta e o cutelo





A luz turva pendia de um lado para o outro, iluminando amarelada, apenas a parte central do porão da casa 47. O sistema elétrico era improvisado e constantemente as lâmpadas piscavam em uma sincronia inoportuna e, por muitas vezes tida como assustadora. Mas eram apenas detalhes superficiais da história daquela noite.

[Contos] Somnium – A fronteira com a realidade




Os olhos finalmente se abrem. O início do fim começara a partir do momento em que as pálpebras se afastaram lentamente uma das outras. Um despertar lento e confuso. As pupilas por sua vez, naturalmente deveriam se dilatar, devido a luminosidade provida da única janela existente em seu quarto, mas estranhamente, não foi o que o aconteceu.

sábado, 26 de outubro de 2013

She Dies

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Por um momento, eu estava desaparecendo. A centelha de vida que outrora resplandecia, extinguiu-se num súbito ato de fé incalculada. Não havia motivos para não acabar de uma vez com essa falsa esperança. Mas assumo! Chegou de forma arrebatadora, preencheu-me em um abraço frio, porém, de completa ternura. E em meu âmago, confuso e ambíguo, sentia que de certa forma nos entendiamos. Que ao fim da ultima badalada, era ela quem sempre estaria ali, para mim. Cheguei a sorrir, cheguei a negar, até mesmo a acreditar.

Contudo, seria incorreto dizer que o sentimento que embasava nossa singela, porém intensa convivência, era definida pelo desejo. Existia entre nós, apenas um elo compactual, onde a reciprocidade se afastava a curtos passos, porém, decididos. Presumindo que minha filosofia beire ao ínfimo, uma humilde conjectura ganhou espaço em meu coração e em minha mente. — Porque não mata-la?

Uma vez sussurrada em sua entonação sutil, não havia mais volta. Estava entorpecido, completamente seduzido. Sim, ela morreria! Tal perspectiva
aflorou um sadismo adocicado, e então, com meu espirito vislumbrado pela possibilidade clara de homicídio, coloquei fim ao elo que nos unia.

O tempo é relativo ao observador, então não saberia ao certo definir o período de tempo ao qual minha alma, agora vil e mesquinha para com minha finada companheira, levou para dar cabo de tudo. Mas confesso aqui, só para você, que o punhal me fora dado, quando ouvi o seu: — "Oi, tudo bem?" — Que a sede de sangue, surgiu quando me ofereceu uma dose de carinho, e que minhas mãos se sujaram de sangue, quando ouvi aquele primeiro — "Eu te amo" — Foi tudo tão rápido, que mal pude perceber. A matei, gostei, sorri e faria de novo, se a recompensa for unicamente você.

Por você, tornei-me um assassino. Matei a solidão, provei da sensação, e novamente assumo, eu gostei disso!